ÚLCERAS DE PERNA DE ORIGEM VENOSA

Popularmente conhecidas como úlceras varicosas, decorrem de um transtorno na circulação de retorno das pernas, pois toda a circulação sanguinea de retorno ao coração é feita pelas veias.
Há vários tipos de úlceras de perna:
- provenientes de ferimentos infectados, ou devidas a doenças infecciosas (sífilis, tuberculose, leishmaniose);
- por defeitos de glóbulos sanguineos (anemia falciforme);
- por doenças auto-imunes (esclerodermia);
- por hipertensão arterial;
- por má irrigação sanguinea da perna (úlceras isquêmicas);
- úlceras dos diabéticos;
- tumores de pele;
- e úlceras venosas.
Das úlceras de perna, 73% são de origem venosa.


Há veias na camada superficial, em meio ao tecido subcutâneo e há veias profundas no meio da camada muscular. A circulação é feita 90% por estas veias profundas que recebem as superficiais e o sangue corre de baixo para cima do pé até o coração e das veias superfzciais para as profundas.
0 fluxo sanguíneo do pé até o coração depende:
- da contração dos músculos da panturrilha ("barriga da perna ") que espreme as veias e faz o sangue subir.
- de dispositivos valvulares (pequenos saquinhos na luz da veia) que não permitem que o sangue volte, isto é, impedem o refluxo sanguíneo.

Subindo pelas veias para o coração o sangue segue contra a ação da gravidade e contra a pressão positiva do abdome. Há fatos que aumentam estas dificuldades, além dos hábitos prejudiciais que diminuem o efeito da "bomba" muscular da panturrilha ("barriga da perna"), tais como:
- presença de válvulas defeituosas desde o nascimento (congênitas), o que é raro, ou adquiridas (lesadas pela TVP);
- válvulas que se tornam incompetentes com o aparecimento de varizes;
- aumento da pressão abdominal nos obesos e gestantes.
Nas gestações, além da compressão das grandes veias do abdome, há a ação hormonal.
Tudo isto permite o refluxo sangüíneo para a parte distal da perna, para os tornozelos.
A estase sangüínea é maior no nível dos tornozelos onde há edema, acúmulo dos dejetos celulares; o sangue é mal oxigenado e a nutrição dos tecidos fica prejudicada; é justamente ai que as úlceras venosas são mais frequentes. Como a maioria das úlceras doem, principalmente quando inflamadas, as pessoas tendem a reduzir muito a movimentação do tornozelo, que em alguns casos fica totalmente rígido. Com isto passam a andar mancando, a musculatura da perna fica atrofiada prejudicando ainda mais a circulação venosa.

Há uma seqüência de eventos: edema (inchação), rompimento de capilares (os menores vasos sanguíneos) e o sangue com seus pigmentos mancha a pele. A pele reage com fenômenos alérgicos - eczema - que dá coceira. Veias mais superficiais nesta pele, já por si inflamada, podem se romper.
Ora, a rotura de uma destas veias, o ferimento provocado pela coçadura nos casos de eczemas, ou pequenos traumatismos (pancadas) produzem feridas que vão se alargando são as úlceras. Em condições normais tais ferimentos cicatrizam rapidamente. Na perna varicosa não ocorre o mesmo.


Se o paciente ficar em repouso absoluto com as pernas elevadas elas podem curar-se sozinhas.
Uma das principais medidas é a manutenção da ferida limpa. A limpeza da úlcera se faz com jato de soro, associado ao bicarbonato de sódio para diminuir a sensação de ardência. Vários são os tipos de curativos, mas qualquer um deles deve estar associado à compressão, com ataduras ou meias elásticas corretamente indicadas pelo médico.
Há polaina de tecido e velcro, bem como a clássica e secular Bota de Uma de fabricação caseira. hoje já há a preparada comercialmente. Ela associa à compressão, o curativo com óxido de zinco, mas há pacientes alérgicos a este produto.
Atualmente estão disponíveis diversos tipos de curativos que agem mantendo a ferida fechada. Sua utilização deve ser orientada pelo médico especialista.
Quando as úlceras são extensas e não existe infecção, pode-se fazer enxertia cutânea que, além de abreviar o tempo de cicatrização, permite maior resistência às recidivas, isto é a volta do aparecimento das úlcera.
Em muitos casos de úlceras varicosas há indicação cirúrgica de tratamento das varizes. Esta indicação somente poderá ser feita por médico especialista, após estudo cuidadoso. A cirurgia só poderá ser realizada após a cicatrização da úlcera ou quando a mesma estiver totalmente isenta de material purulento.